Educação Financeira: porque começar

Educação financeira, já?

Essa é a pergunta que muitas pessoas fazem ao se deparar com crianças lidando com situações em que o dinheiro está presente. Mas o que essas pessoas não se dão conta é que essas mesmas crianças já nascem consumidoras. Sua necessidade por alimento, roupas, abrigo começa desde muito cedo e à medida que crescem essa necessidade vai agregando outros itens como brinquedos, educação, lazer, etc.

A educação financeira, assim com a delegação de tarefas domésticas, pode e deve ser iniciada na infância. Esse tipo de ação que instrui a melhor forma de controlar gastos é importante para transformar a criança em um adulto maduro, responsável financeiramente e que saiba gerir bem os seus recursos. Portanto, preocupar-se com a educação financeira da criança é cuidar do seu presente e garantir também o seu futuro pois isso certamente abrirá caminhos e aumentará as possibilidades de realização de projetos futuros.

Uma boa sacada é começar essa educação financeira pela mesada. É importante salientar, todavia, que não é recomendado vincular o recebimento da mesada ao cumprimento de tarefas domésticas ou bom comportamento. Um dos motivos é que esse vínculo prejudica o aprendizado financeiro além de que bons modos e responsabilidade de executar tarefas são coisas que devem existir independentemente da questão financeira, afinal nem tudo na vida está ligado ao dinheiro de forma que nem sempre haverá um contraponto de ordem financeira. E, ainda no caso da mesada, é preciso observar a idade da criança na definição de sua periodicidade. Até os 8 anos de idade, a mesada deve ser semanal, pois a criança ainda não tem o conceito de ‘mês’ bem delineado em sua cabecinha. Dos 9 aos 11 anos de idade, a mesada passa a ser quinzenal e somente a partir dos 12 anos torna-se viável o pagamento mensal, já que nessa etapa a criança já absorveu bem o conceito de ‘mês’. Para o pagamento da mesada é importante estabelecer um dia específico, fixo, assim a criança associa melhor os dias da semana, passa a relacioná-lo com suas outras atividades e ainda tem a oportunidade de aprender a questão da programação financeira, caso tenha planos de usar a mesada para algum fim específico. Um outro ponto da mesada que vale a pena reforçar é que uma vez que os recursos acabam, a criança deve esperar a data combinada para receber a próxima bolada. Manter esse combinado ensinará a criança a se organizar melhor, a definir prioridades e a tomar suas decisões financeiras de forma mais assertiva ao passo que o reforço da mesada (valor extra) ou mesmo a sua antecipação, passará a mensagem que não importa o que aconteça, sempre existirá recursos disponíveis para atender todos os desejos dela, o que sabemos bem ser irreal e totalmente prejudicial para o adulto em formação.

Entre os vários benefícios da educação financeira a partir da mesada, além de a criança aprender sobre consumo consciente, orçamento, planejamento e poupança, está também a generosidade. Ensine a criança a dedicar parte do seu tempo em fazer o bem. Ensine-a a compartilhar parte de seus recursos com os necessitados. O mundo só se tornará melhor se formarmos adultos capazes de compreender a si mesmos e aos outros, com total consciência que as escolhas que fazemos hoje refletem na sociedade como um todo, no amanhã.

E, para finalizar, nada melhor do que reforçar que todo esforço em ensinar e estimular esse aprendizado na educação financeira não será tão promissor se não contar com o seu exemplo. Sempre que possível, ponderando sempre o nível de entendimento da criança, inclua a criança no orçamento familiar. Deixe-a participar das discussões e decisões. Mostre a ela a importância de se analisar todo o contexto antes de definir qualquer coisa. O mesmo vale para a vida. Aquilo que você praticar, automaticamente servirá de base para o adulto que ela se tornará. Já dizia o sábio: o exemplo é sempre o melhor ensino.

por Liliane Oliveira

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