Saúde Mental: um alerta silencioso

A saúde mental das crianças está em risco. Conforme Prooday (2017), pesquisas têm apontado para estatísticas graves quanto o aumento da doença mental infantil no mundo. Conforme consta em seu artigo, nos últimos anos, “1 em cada 5 crianças tem problemas de saúde mental”. Isso pode ser notado nos dados coletados, em seguida. Houve um crescimento de 43% no TDAH entre as crianças. A depressão entre adolescentes aumentou em 37%. E o mais assustador: o suicídio entre pré-adolescentes bateu a marca de 100%. Nada disso é motivo de orgulho. Ao contrário, isso aponta uma necessidade de mudança urgente.

Essas taxas não são e nem devem ser vistas como normais, muito menos naturais. Elas não têm relação com o fato de a doença mental estar sendo melhor diagnosticada atualmente. Também não estão relacionadas à questões de nascença. Não têm haver com o novo sistema escolar adotado recentemente. Isso está diretamente ligado a como os pais têm direcionado  vida de seus filhos em sua vida cotidiana.

 

Estímulos x saúde mental

O post anterior abordou a relação entre independência versus estímulo, o que torna a geração alpha (pessoas nascidas a partir de 2010) a geração mais inteligente que já existiu até hoje. O post também apontou como é importante manter o equilíbrio desses estímulos. Sabe-se que todo extremo é prejudicial, por isso a importância de se falar sobre a saúde mental na infância.

Por melhor que seja a intenção dos pais, o ambiente proporcionado aos filhos, deve ser revisto. Estímulos são excelentes para o desenvolvimento infantil, mas isso não quer dizer que todo estímulo é saudável. A tecnologia, por exemplo, se usada de forma correta dá asas às crianças. Entretanto, se usada de forma desequilibrada, se mostra como tijolos presos aos pés dos pequenos, impedindo-os de prosseguir em suas descobertas. E isso não vale só para as crianças. Atualmente, a facilidade de acesso virtual tem ocupado tanto a vida dos pais que estes têm se tornado ausentes na vida dos filhos, ainda que presentes fisicamente. Crianças precisam de pais disponíveis e atentos ao que elas dizem. Crianças precisam de atenção, sem celulares ou tablets por perto, intermediando ou interferindo nesse relacionamento.

 

É preciso reconsiderar nossas escolhas

Limites bem definidos têm sido substituídos por senso de direitos, o que tira a oportunidade das crianças de aprender sobre responsabilidade. A alimentação equilibrada tem perdido espaço diante de tantas opções práticas e rápidas, mas que em nada contribuem nutricionalmente para o seu desenvolvimento. Isso sem falar no período de sono. Crianças precisam dormir para crescer e absorver tudo o que elas aprendem ao longo do dia. Mas, diferente do que se via antes da tecnologia se tornar tão acessível, as crianças mal dormem. Passam a noite envolvidas em telas, o que garante curto espaço de tempo para que a mente processe tudo o que precisa.

As brincadeiras, passeios ao ar livre e interação social têm sido trocados por uma vida sedentária e cada vez mais virtual. A infância saudável tem sido ignorada diante dos inúmeros estímulos a que as crianças estão expostas. Isso sem falar nas babás tecnológicas que impedem às crianças de experimentarem momentos de tédio ou monotonia. Mas é importante para a criança ter momentos de tédio e monotonia? Sim!! Estudo comprovam que são nesses momentos em que a criatividade é desperta, potencializando o desenvolvimento infantil.

Se nada mudar, a geração mais inteligente que já se viu também será a geração com menor saúde mental. Por isso é preciso se posicionar diante de dados tão devastadores. Lembre-se: Voltar ao básico não quer dizer ser retrógrado. Quer dizer valorizar aquilo que realmente pode garantir uma infância saudável e que proporcione bem-estar físico, social e mental para seus filhos.

 

* Victoria Prooday é Terapeuta Ocupacional, Psicoterapeuta, fundadora e diretora de uma clínica multidisciplinar para crianças e pais.

por Liliane Oliveira

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